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Inovação sem responsabilidade? Reflexões pós Web Summit Lisboa 2025.

Recebi o convite e tive a oportunidade de estar presente no Web Summit Lisboa 2025, e como o tema desta ano, sem dúvida, é a obsessão da inteligência artificial, vou compartilhar um pouco das minhas percepções depois de participar de uns dos maiores eventos de tecnologia do mundo.

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Não houve discussão suficiente (nem ações, na verdade) sobre as implicações do impacto social e ambiental dessa mudança na “direção do jogo” da corrida tecnológica com a IA, especialmente considerando a quantidade absurda de energia e água limpa necessárias para sustentar o crescimento exponencial dos data centers. In this climate crises?


A corrida do ouro da IA promete resolver vários problemas e facilitar a nossa vida, mas, como sempre, os grandes investimentos estão focados em vender mais, escalar mais rápido, empregar menos pessoas e treinar mais máquinas e automação. É interessante observar as muitas formas criativas que os nerds humanos estão a inventar para usar a IA, desde agentes para escritórios de advocacia, marketing, educação online, viagens e criação de conteúdo. Mais uma vez, maior a promessa do aumento do consumo de água… água que é urgentemente necessária noutros lugares.


Mas o foco de como a ferramenta está a ser usada é claro: ganhos financeiros e desenvolvimento organizacional orientados para gerar mais receita. Sim, é ótimo quando diferentes indústrias crescem financeiramente e investem em si mesmas, mas isso está claramente desequilibrado em relação ao financiamento e à inovação necessários para resolver questões realmente urgentes e indiscutiveis, como saneamento básico universal, mudanças climáticas, transição energética, crises migratórias, fome e saúde.


Precisamos de um plano mais inteligente e cuidadoso para lidar com este momento de transição tão poderoso, assim como foi preciso com a democratização da Internet e das redes sociais. Acordos nacionais e globais são essenciais e urgentes, acordos que coloquem a busca por alternativas para o consumo desenfreado de energia e água no centro dessa expansão iminente dos data centers. Sim, todos parecem entusiasmados com o “novo mundo” que a IA pode trazer, mas precisamos colocar inteligência e estratégia nesta realidade com consequencias reais e não somente virtuais.


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E uma transição justa não diz respeito apenas ao clima. Também envolve a forma como os serviços de IA vão espalhar-se pelo mundo e começar a aparecer, ano após ano, nas áreas mais diversas das nossas vidas. Já vimos como essas mudanças afetam os mercados de trabalho, portanto é necessário mudar a conversa de “estes empregos vão desaparecer” para “como acompanhamos essas mudanças sem piorar a desigualdade social?”. E isso aplica-se também às mudanças nas culturas e relacionamentos, mas isso é assunto para outro texto. =)


Este plano de crescimento e implementação da Inteligencia Artificial em nossas vidas precisa de leis, regulamentação, orientações, monitorização e transparência. Os governos e lideranças políciticas globais precisam estar envolvidos, pois, com uma ferramenta tão poderosa, não podemos tornar-nos reféns (mais uma vez) dos mega lords da tecnologia. Além disso, padrões e regras globais são fundamentais para uma IA que faça sentido, porque o risco de governos delirantes ou autoritários também é real, e vemos isso todos os dias.


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Por isso, acredito que o evento deste porte deveria abrir espaço, investir e destacar essas ações e conversas necessárias. Dada a dimensão da plataforma que o Web Summit representa e a sua promessa de ser pioneira, a edição de 2025 revela um descompasso em relação à realidade externa da crise climática e ambiental. E eventos gigantes, e ditos inovadores, precisam assumir o pioneirismo de abrir mais espaço e dar mais luz para investimentos para tecnologias (e IA é a do momento) para o bem e a prosperidade comum. A própria tecnologia de IA poderá ser usada para tornar o evento mais ecologicamente responsável, dando o exemplo de como usar tecnologia para o bem comum, criando e escalando soluções locais e globais.


O avanço da tecnologia não pode ignorar a crise climática. A ferramenta internet precisa se tornar mais segura, confiável e responsável ecologicamente nessa conexão com potenciais infinitos das ferramentas de Inteligência Artificial, e não o contrário.


Tecnologia só faz sentido quando serve ao bem comum!


Bruno Lisboa Diotallévy

Livre Para Social Good Agency


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